Nasce com este projeto, a concepção arquitetônica que orientará todas as demais.

Ilustra, explica e resume a abrangência do conteúdo desenvolvido no processo de criação e descreve o que sustenta cada proposta apresentada em particular.

Arquitetura singular, inteiramente em madeira, referência do protótipo primitivo de moradia.

Um processo artesanal de execução.

Arquétipo do desejo de abrigo e repouso.

Neste caso específico, elaborado com detalhes que fazem enriquecer seu significado, como: rejuntes internos decorados com folha de ouro, contraste de tons naturais de madeira de lei, no forro, no piso e na escada, uso intencional das toras de eucalipto com formas irregulares, luz zenital, vitrais medievais e vidros bisotês, ofurô de tora oca de Pinheiro (Araucaria angustifolia), iluminação led, piso aquecido, lareira de pedra natural refratária…

Equilíbrio de formas e peças especiais, utilizando intencionalmente o contraste entre o “primitivo” e a tecnologia assimilada.

O espaço que nos envolve nos conforma, nos influencia, é o espelho do nosso espírito e a reverberação do nosso interior, de como sentimos e percebemos a vida e a nós mesmos.

Todo esse conjunto é passível de leitura, avaliação e influências.

Este projeto surgiu e esta obra se concretizou sobre a tensão de duas mundividências: o “espírito de geometria“ e o “espírito de finesse”, ou seja, confronto entre o processo do método, como regra e ordem, do modelo matemático a guiar o pensamento que se ajusta ao “racionalismo dedutivo” com o “coração” como forma singular de inteligência, que apreende num só lance, o conhecimento imediato e intuitivo dos princípios indemonstráveis da vida, carregados de emoção e atavismo, do que permanece profundamente e sempre humano.

Neste sentido a Cabana de Troncos é o estereotipo destes “dois espíritos”.

Como coroamento desta proposta, com o intuito de provocar a reflexão deste confronto, inserimos na parte interna central da cabana, um local destinado a uma escultura especial: a maquete de um arranha céu – símbolo da contemporaneidade intitulada: “urbanidade impermeável”.

O objetivo do contraste proposital de contextos é provocar amplo questionamento, ante nossa situação alarmante de desequilíbrio assimilado, no seguinte sentido: a ênfase demasiada recaindo sobre a prioridade de um método lógico, a que tudo se aplica, muitas vezes chega a extremos insuportáveis, devido ao fechamento no enfoque tecnológico.

O que tudo isto significa ou orienta, nesta concepção e abordagem, é ilustrar com este conjunto de elementos, novas hipóteses para tentar solucionar problemas sérios, que são do interior de cada um, no processo de resgate do bom espírito ou de simplificar as necessidades…

Arquiteto Mauro Antonietto

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