Para noviças em formação e as irmãs que atenderam a sua vocação à vida religiosa, os elementos da forma e os elementos da estrutura em tudo se referem a simbologias e a simplicidade, inspirada em Francisco, o Santo símbolo do respeito à criação de DEUS e a dedicação generosa ao próximo.

“DEUS HABITA NA LUZ INACESSÍVEL”

Partindo desta frase, que foi a diretriz para meditar na concepção deste trabalho, reunimos quatro conceitos base que caracterizam com profundidade,

a função do espaço e o entendimento teológico que formaram a composição dos elementos arquitetônicos:

“ORAÇÃO, RECLUSÃO, INTIMIDADE e MISTÉRIO”

Orar a DEUS é buscar intimidade com Ele. Esta necessidade é o cerne da vida clerical.

Debater-se com este convívio cria o hábito de perfazer-se.

Este convívio íntimo é um ato de provocação que lapida o espírito, dia-a-dia, fora da passagem do tempo.

Por isso, colocamos todos os sentidos, sob a influência de um ambiente que induz a reverberar a alma nesta direção.

Introduzimos dois elementos que são presença marcante sobre a pureza branca das paredes de reboco caiado feito à mão e que tentam estabelecer a ponte e a provocação desta intimidade: a  CRUZ  e a  LUZ!

A cruz de tronco pesada, do corpo (no mundo da matéria), que é confrontada por uma cruz de luz, rarefeita, reflexo do vitral azul, colocada no duplo oitão do oriente, sobre a porta de entrada que recebe o sol, atravessa a Cruz de São Damião vazada (que outrora falara com Francisco) e reflete no altar.

Esta cruz de luz,  “do espírito”, reflexo da luz do sol, de equinócio a solstício, se movimenta pela manhã da parede nua do altar para a nave.

O altar se encontra em nível elevado da nave, porque DEUS está acima de nós.

A cruz de madeira entre o altar e a nave é a presença e a provocação no sentido em que intermedia-nos a DEUS no sacrário (onde o reboco é liso e perfeito) recoberto em folhas de ouro, porque é Nele que repousa toda  a riqueza do sentido da vida na terra.

A cruz intermedia o chamado Dele porque mandou Seu Filho nos resgatar em sacrifício.

A reflexão e o entendimento deste ato perpétuo no rito da celebração da eucaristia comunga com o resgate do espírito.

Na semana da Páscoa na vivência da Paixão: morte e ressurreição de CRISTO, a Cruz de Luz posiciona-se de tal forma que se sobrepõe à Cruz de Madeira num simbolismo de resgate do corpo pelo espírito ou da redenção do sacrifício, no significado último do mistério da encarnação do FILHO DE DEUS.

Para noviças em formação e as irmãs que  atenderam a sua vocação à vida religiosa, os  elementos da forma e os elementos da estrutura em tudo se referem a simbologias e a simplicidade, inspirada em Francisco, o Santo expoente de respeito à criação de DEUS e a dedicação generosa ao próximo.

Para lembrar na humildade as origens. Para resgatar nas origens o caminho.

Para trilhar como CRISTO e com Francisco, o itinerário para DEUS.

Arquiteto Mauro Antonietto

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